Colhi o texto abaixo em algum lugar que não recordo mais. Transcrevo-o com algumas alterações que fiz pois considero que pode ajudar muita gente a entender melhor o que seja Cidadania.
A origem da palavra cidadania é latina. Vem da palavra “civitas”, que quer dizer cidade. Esta palavra foi usada na antiga Roma para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que ela tinha ou podia exercer.
Segundo Dalmo de Abreu Dallari:
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”.
(DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14).
Na Grécia de Platão e Aristóteles, eram considerados cidadãos todos aqueles que estivessem em condições de opinar sobre os rumos da sociedade.
No Brasil, a nossa cidadania está ainda em gestação. Demos saltos importantes com o processo de redemocratização e a Constituição de 1988. Mas, muito temos ainda que construir!
Predomina ainda uma visão reducionista da cidadania. Para muitos, a cidadania se resume a votar, e de forma obrigatória, pagar os impostos. Ou seja, fazer coisas que nos são impostas.
Encontram-se ainda muitas barreiras culturais e históricas para a vivência da cidadania. Somos filhos e filhas de uma nação nascida sob o signo da cruz e da espada, acostumados a apanhar calados, a dizer sempre “sim senhor” , a “engolir sapos”, a “achar normal” as injustiças, a termos um “jeitinho” para tudo, a não levar a sério a coisa pública, a achar que os bens públicos, como não são meus, não importa que alguém os destrua, a achar que o governo tem muito dinheiro e que pode gastar à vontade que não vai me afetar, a pensar que direitos são privilégios e exigi-los é ser boçal e metido, a pensar que Deus é brasileiro e se as coisas estão como estão é por vontade Dele.
Os direitos que temos não nos foram conferidos, mas conquistados. Muitas vezes compreendemos os direitos como uma concessão, um favor de quem está em cima para os que estão em baixo. Contudo, a cidadania não nos é dada, ela é construída e conquistada a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social.
A cidadania não surge do nada como um toque de mágica, nem tampouco a simples conquista legal de alguns direitos significa a realização destes direitos. É necessário que o cidadão participe, seja ativo, faça valer os seus direitos. Não é porque existe o Código do Consumidor, que automaticamente deixarão de existir os desrespeitos aos direitos do consumidor. Será que isto é suficiente para que estes direitos se tornem efetivos? Não! Se o cidadão não se apropriar desses direitos fazendo-os valer, eles serão letra morta, ficarão só no papel.
Construir cidadania é também construir novas relações e consciências. A cidadania é algo que não se aprende com os livros, mas com a convivência, na vida social e pública. É no convívio do dia-a-dia que exercitamos a nossa cidadania, através das relações que estabelecemos com os outros, com a coisa pública e o próprio meio ambiente. A cidadania deve ser perpassada por temáticas como a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia, a ética.
A cidadania é tarefa que não termina. A cidadania não é como um dever de casa, onde faço a minha parte, apresento e pronto, acabou. Enquanto seres inacabados que somos, sempre estaremos buscando, descobrindo, criando e tomando consciência mais ampla dos direitos. Nunca poderemos chegar e entregar a tarefa pronta, pois novos desafios na vida social surgirão, demandando novas conquistas e, portanto, mais cidadania.
Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação.
A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso país.
"A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos aos cidadãos." Juarez Távora - Militar e político brasileiro.
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